Angola iniciou contactos com os diversos produtores de diamantes do mundo defendendo um equilíbrio na oferta desta pedra preciosa no mercado, na perspectiva da duplicação da sua produção nos próximos cinco anos.
OPresidente do Conselho de Administração da Empresa Nacional de Diamantes de Angola (Endiama), Carlos Sumbula, disse hoje em conferência de imprensa, em Luanda, que a descoberta do kimberlito (filão de rochas que contêm diamantes) Luaxe, superior ao de Catoca – o quarto maior do mundo -, poderá aumentar a produção angolana em mais de oito milhões de quilates dentro de cinco anos.
De acordo com Carlos Sumbula, o aumento da produção vai obrigar a uma negociação com os demais produtores para contornar a oferta maior do produto e, consequentemente, uma diminuição de preços.
“Para que isso não aconteça já, começamos a fazer contactos com os diversos produtores do mundo, no sentido de fazermos o equilíbrio. Nós participamos apenas com oito milhões de quilates ano, que corresponde mais ou menos a um valor bruto de 1,2 mil milhões de dólares”, frisou o presidente da diamantífera estatal angolana.
“Vamos ter que negociar com os outros, aqueles que entram, por exemplo, com cinco mil milhões ano, outros que entram com sete mil milhões ano, para eles reduzirem um pouco e deixarem-nos avançar com mais oito milhões de quilates. De maneira a fazer com que, havendo a mesma procura, se encontre um espaço que não diminua o preço dos diamantes no mundo”, explicou.
Carlos Sumbula reforçou que a mina do Luachi, na província da Lunda Sul, poderá ser no mínimo o terceiro maior kimberlito no mundo, apelando aos investidores para se juntarem ao projecto.
Diamantes como bóia de salvação
Os diamantes constituem o segundo principal produto de exportação por Angola, a seguir ao petróleo.
O Governo angolano prevê um crescimento de 1,5% da produção nacional de diamantes em 2016, para quase nove milhões de quilates, depois do recorde registado no último ano.
Segundo a projecção do Ministério da Geologia e Minas, a perspectiva para 2016 passa por alcançar a produção de 8,962 milhões de quilates, entre as componentes industrial e artesanal (garimpo individual ou em cooperativas, sob licença do Estado), esta última estimando uma produção superior a 860 mil quilates.
“Dentro de cinco anos, com os novos projectos que estamos a preparar, esperamos mais do que duplicar a produção”, assumiu o ministro da Geologia e Minas, Francisco Queiroz.
Angola atingiu em 2015 um novo recorde de produção de diamantes, com 8,837 milhões de quilates, o que rendeu ao país 1,1 mil milhões de dólares, mas reflectindo uma quebra de receitas devido à quebra generalizada na cotação internacional.
Para Francisco Queiroz, o sector mineiro angolano – ainda a extracção de metais como ferro e ouro – estará em condições, no “longo prazo”, de se “equiparar ao petróleo”, em termos de receitas geradas para o país.
“E num horizonte entre cinco a dez anos, de modo sustentável, poderemos [sector mineiro] ter um impacto muito maior no Produto Interno Bruto e na arrecadação de receitas fiscais”, projectou o governante.
Segundo aquele ministério, o sector da geologia e minas conta com vários projectos em processo de financiamento e desenvolvimento mineiro, casos da prospecção e produção de nióbio (metal utilizado para produzir aço), na província da Huíla, de produção de ouro do M´Pompo, também na Huíla, e do projecto Tchiuzo, de diamantes, na Lunda Sul.
A mina de Luaxe deverá representar reservas à volta de 350 milhões de quilates e conta com uma previsão de exploração de mais de 30 anos, após um investimento estimado superior a mil milhões de euros.
O sector conta ainda com projectos para a extracção de cobre nas províncias do Uíge e do Cuanza Sul.
Os diamantes contribuem apenas com 1% dos valores fiscais arrecadados no país. Francisco Queiroz espera que com a nova mina de diamantes do Luaxe, que poderá mais do que duplicar a produção nacional, esse valor suba para os 5% até 2020. “Essa mina poderá tornar-se a maior do mundo”, previu.
Recorde-se que o ministro fez esta previsão à margem de uma visita à China a convite do ministro da Terra e dos Recursos Naturais chinês, Jiang Daming.
Para além de se reunir com o seu homólogo chinês, Francisco Queiroz assistiu ao encerramento de um programa de treino de 30 técnicos angolanos no Instituto de Geofísica e Geoquímica de Langfang, na província chinesa de Hebei.
Os técnicos deverão ser distribuídos por três laboratórios geoquímicos em Angola, cuja construção está a cargo da empresa estatal chinesa China International Trust and Investment Corporation (CITIC).
Além da formação e construção de laboratórios, o contrato de 6.250 milhões de kwanzas, celebrado entre a CITIC e o Instituto Geológico de Angola, inclui o fornecimento de equipamento e assistência técnica.
Francisco Queiroz prevê que aquelas estruturas, cuja maior está localizada em Luanda, venham a atender “todas as necessidades de análise geoquímica do país e também dos países que necessitarem dos nossos serviços”.
“Estamos a contar que a partir de 2020 Angola tenha grandes projectos mineiros em desenvolvimento, para que então possamos diversificar a economia e sobretudo diversificar as fontes de receitas fiscais”, concluiu.